segunda-feira, 31 de julho de 2017

Zoológico do Rio se recupera e vai passar por mudanças

Após ser interditado pelo Ibama por ter animais vivendo em péssimas condições, o parque na Quinta da Boa Vista se prepara para uma grande intervenção

O urso Zé Colmeia: atração local (Felipe Fittipaldi/Veja Rio)

Diagnosticado com um quadro crônico de neurose e stress, Zé Colmeia viveu um bom tempo à base de comprimidos de uma substância chamada haloperidol, usada por pessoas que sofrem de esquizofrenia e transtornos psicóticos. O medicamento, conhecido comercialmente como Haldol, fez-se necessário para reverter os traumas do urso-pardo de 16 anos, resgatado de um circo no interior do estado em 2007. Com comportamento maníaco, ele batia a cabeça nas paredes do recinto que ocupava no zoo, uma sequela do tempo em que passou enjaulado e sob tensão no picadeiro. Como resultado, a parte superior de seu crânio tinha pelos ralos e feridas que não cicatrizavam. Em tratamento desde outubro do ano passado, Zé Colmeia também passou a desfrutar um espaço mais digno. O recinto onde vive teve a piscina reformada e ganhou brinquedos como pneus e troncos, normalmente besuntados de mel para atrair sua atenção. Em 31 de maio, diante de uma impressionante melhora em seu estado de saúde, Zé Colmeia teve alta e deixou de tomar os medicamentos. Saudável e rechonchudo, hoje ele faz graça para o público e, diante da sua recuperação, virou uma espécie de símbolo do renascimento do Jardim Zoológico do Rio. Interditado pelo Ibama no início de 2016 e entregue à iniciativa privada em outubro, a instituição se transformará em um bioparque, onde os animais ocuparão amplos espaços, ambientes naturais das espécies serão recriados e as grades, abolidas. “Seremos uma referência no país e em toda a América Latina”, promete José Roberto Scheller, diretor do lugar, agora sob concessão do Grupo Cataratas.


Em sintonia com os mais avançados conceitos de zoo no mundo, o projeto da empresa, de origem paranaense e atualmente sediada no Rio, chama atenção pela ambição. O grupo, sócio do AquaRio e gestor do Parque Nacional do Iguaçu, do serviço Paineiras-Corcovado e do EcoNoronha, em Fernando de Noronha, não planeja apenas reformar o zoológico septuagenário, instalado na Quinta da Boa Vista. A ideia é pôr as instalações abaixo, mantendo apenas o majestoso portão, a alameda principal ornada com palmeiras-imperiais (ambos tombados) e as 1 300 árvores catalogadas no terreno de 122 000 metros quadrados. No lugar das estruturas gradeadas e dos cubículos decrépitos serão criados oito ambientes — de aves, animais domésticos (fazendinha), répteis, felinos e canídeos, primatas e ursos, espécies aquáticas, além de um espaço especial para elefantes e outro que reproduz uma savana africana. Entre as novas atrações planejadas, destacam-se o túnel de acrílico que serpenteará a área dos leões, de onde o visitante poderá olhar de perto os felinos, e uma piscina especial para os elefantes, que proporcionará uma visão inusitada dos animais nadando. No último dia 28, fiscais da Secretaria Municipal de Conservação e Meio Ambiente fizeram uma vistoria no complexo, trâmite necessário para o licenciamento das obras. A expectativa é que as obras comecem em agosto e sejam concluídas em dezoito meses. “O projeto contempla os anseios de uma instituição moderna que privilegia o bem-estar dos animais e proporciona uma experiência singular ao público”, diz Cláudio Hermes Maas, presidente da Sociedade de Zoológicos e Aquários do Brasil (SZB), que já teve acesso aos planos.



Além da sensação de proximidade com os bichos em ambientes que recriam seus hábitats, o novo RioZoo prevê atrações extras. Logo na entrada, será possível caminhar em meio a 500 aves, em um viveirão de 3 000 metros quadrados protegido por uma tela a 10 metros de altura — se desejar, o visitante poderá adicionar um pouco de aventura à experiência e cruzar o local em um circuito de arvorismo. Na área de savana, que substituirá a atual Passarela da Fauna, o público terá a chance de fazer um safári fluvial em um rio artificial com 400 metros de extensão percorrido por barcos. O setor abrigará espécies como zebras, gnus e girafas — essas últimas, aliás, poderão ser alimentadas pelos visitantes. Em quase todos os novos setores, os percursos incluirão trechos subterrâneos com aquários dedicados a animais como hipopótamos, leões-marinhos, pinguins e tartarugas. Tudo afinado com a tendência batizada de enclausuramento inverso, em que os bichos usufruem a maior parte do espaço disponível e são separados do público por barreiras naturais como fossos e painéis de vidro e acrílico de alta resistência. Programada para ser feita em etapas, a obra não fechará o zoo. O contrato de concessão assinado entre a prefeitura e o Grupo Cataratas, ancorado em um investimento de 65 milhões de reais nos primeiros 24 meses, chegou a ser suspenso por uma liminar no ano passado. Entretanto, em março, a Justiça julgou o mérito do recurso e manteve a concessão. “Não alteramos em nada os planos por causa dessa questão, tanto que vamos investir 15 milhões de reais a mais do que o previsto para esses dois anos”, afirma Bruno Marques, diretor-presidente do grupo.



Com uma combinação invejável de natureza e história, o zoo do Rio, um dos mais antigos do país, aberto nos anos 1940, chegou ao fundo do poço em 2015. Bichos trancafiados em compartimentos exíguos, estruturas enferrujadas, recintos minados por vazamentos e animais expostos ao sol sem proteção compunham o retrato do descaso. Para reabri-lo à visitação em dezembro passado, a empresa que assumiu o parque precisou fazer adequações emergenciais. Também foi implantado um programa de medicina preventiva, em que os bichos, além de submetidos a exames de sangue e ultrassom, tiveram a dentição e as funções cardíacas e renais avaliadas. Ao entrarem no parque, os técnicos do Grupo Cataratas ficaram alarmados com o fato de apenas 5% dos 1 200 animais de 350 espécies ter prontuário médico. Logo nas primeiras avaliações, descobriu-se que um tigre-de-bengala vinha perdendo peso sistematicamente por causa de dor de dente — o felino passou por um tratamento de canal e voltou a comer normalmente. “As condições dos animais eram muito preocupantes. Nossos técnicos listaram oitenta irregularidades que tiveram de ser sanadas”, explica Pedro Castilho, superintendente do Ibama-RJ. No processo, também se verificou que a alimentação dos bichos era precária. Não havia balança na cozinha e as porções de alimentos eram medidas no olhômetro. “Tivemos de comprar equipamentos e comida às pressas. Só havia rações de cachorro na despensa quando chegamos”, lembra a bióloga Anna Cecília Leite Santos. A melhora no aspecto de certas espécies impressiona. A plumagem dos guarás, que era pálida e esbranquiçada, passou a ganhar viço e retomou a cor vermelho-vivo que caracteriza essas aves. Tudo graças a uma dieta especial de peixes e camarões.

Com uma dieta de peixes e camarões, os guarás recuperaram a cor da plumagem (Felipe Fittipaldi/Veja Rio)

Zoológico do Bronx, em Nova York: referência (Spencer Platt/Getty Images/Veja Rio)

No Zoo de San Diego: novo conceito de ambientação e visitação (Mike Blake/Reuters/Veja Rio)


Desde a concessão, em outubro, uma série de melhorias foram realizadas. O recinto dos leões ganhou painéis de vidro blindado (Felipe Fittipaldi/Veja Rio)


Desde outubro, a alimentação dos animais agora segue padrões rigorosos (Felipe Fittipaldi/Veja Rio)


Em um reflexo da pressão de ambientalistas e de uma legislação internacional rigorosa, a grande maioria dos países veta a captura e comercialização de espécies na natureza para exibição em cativeiro. Hoje, um zoológico que pretenda ampliar seu plantel precisa recorrer a instituições semelhantes que tenham espécimes disponíveis. É o que tem feito o Grupo Cataratas entre zoos e criadores brasileiros e no exterior. A volta de leões à Quinta da Boa Vista, no fim do ano passado — um macho de 9 anos e uma fêmea de 15 —, é resultado de uma parceria com o Zoológico de Pomerode, em Santa Catarina. Agora a concessionária quer adquirir três girafas — a última que vivia ali, Zagallo, morreu há dois anos —, um casal de zebras e outro de tigres-brancos. Estuda ainda arranjar uma namorada para Zé Colmeia, que, recuperado dos traumas do circo, já pode ter companhia. A entidade também planeja estreitar laços com ONGs e universidades para estimular a pesquisa científica. “Desde a concessão, já realizamos aqui seis estudos que foram apresentados em um congresso”, diz Scheller, diretor do RioZoo.

Pesquisas recentes mostram que entre todas as modalidades de parques, dos temáticos aos de contemplação da natureza, os jardins zoológicos ainda lideram a preferência do público. Nas últimas décadas, essas instituições, criadas no século XVIII por reis europeus como demonstração de riqueza e poder, passaram por uma drástica mudança no sentido de dar tratamento mais digno aos animais e permitir ao público uma compreensão maior do ambiente em que eles vivem. Um dos complexos mais emblemáticos é o do Bronx, em Nova York, que investiu 43 milhões de dólares só numa instalação que reproduz, em detalhes, um trecho de floresta habitado por gorilas. Para reconstruírem o RioZoo, pesquisadores do Grupo Cataratas visitaram dezenas de complexos do gênero na Europa e nos Estados Unidos. Boa parte do projeto é inspirada no Zoológico de San Diego, na Califórnia, um dos pioneiros no conceito de exibição dos bichos ao ar livre e com a recriação de biomas. Zé Colmeia e sua turma merecem.

quarta-feira, 19 de julho de 2017

Iceberg gigante se desprende de plataforma de gelo na Antártica

Já era esperado que bloco de gelo do tamanho do Distrito Federal se desprenderia da plataforma de gelo Larsen C, na Antártica

Imagem de arquivo mostra iceberg gigante prestes a se desprender da Antártica (Foto: NASA / Maria-Jose VINAS / NASA / AFP)


Um iceberg de um trilhão de toneladas, um dos maiores já registrados, se desprendeu de uma plataforma de gelo gigantesca na Antártica, anunciaram nesta quarta-feira (12) os cientistas da Universidade de Swansea, no Reino Unido.


Em um comunicado, os especialistas em estudos antárticos da universidade indicaram que o desprendimento ocorreu entre 10 e 12 de julho, quando o iceberg -- de 5.800 quilômetros quadradados -- se separou da plataforma Larsen C do continente branco.


"Ele pode permanecer inteiro, mas é mais provável que se quebre em fragmentos. Parte do gelo pode permanecer na área por décadas, enquanto outras partes podem seguir para o norte, para águas mais quentes", disse Adrian Luckman, professor da Universidade de Swansea e principal pesquisador do projeto MIDAS, que vem monitorando a plataforma de gelo há vários anos.


Os blocos de gelo que partirem rumo ao oceano podem derreter, o que contribuiria para elevar o nível do mar. A presença do gelo solto no oceano também aumenta risco para navios. Apesar de a região estar longe de grandes rotas comerciais, ela faz parte do roteiro de cruzeiros que visitam a região a partir da América do Sul.


Aquecimento global?
Segundo os pesquisadores, é possível que o aquecimento global tenha contribuído para a aceleração da ruptura, porém não há evidências científicas concretas que possam provar essa teoria. A fenda vem se formando há vários anos, mas o processo se acelerou recentemente.
No ano passado, cientistas afirmaram que a rachadura na Larsen C estava aumentando rapidamente. Mas, em dezembro, o ritmo aumentou a patamares nunca antes vistos, avançando 18 km em duas semanas.


Entenda
A Larsen C é a maior plataforma de gelo no norte da Antártica. As plataformas de gelo são as porções da Antártica onde a camada de gelo está sobre o oceano e não sobre a terra.
Segundo cientistas, o descolamento do iceberg pode deixar toda a plataforma Larsen C vulnerável a uma ruptura futura. A plataforma tem espessura de 350 m e está localizada na ponta oeste da Antártica, impedindo a dissipação do gelo.
Os pesquisadores vêm acompanhando a rachadura na Larsen C há muitos anos. Recentemente, porém, eles passaram a observá-la mais atentamente por causa de rupturas das plataformas de gelo Larsen A, em 1995, e Larsen B, em 2002.

Foto de arquivo fornecida pela Nasa mostra fenda se formando no gelo da plataforma Larsen C (Foto: NASA/Handout via REUTERS/File )

sexta-feira, 14 de julho de 2017

Fêmeas podem virar maioria entre tartarugas marinhas


Estudo indica que o aumento das temperaturas influencia o sexo dos filhotes, fazendo crescer o número de fêmeas, e provoca a mortalidade dos ovos




A população de fêmeas entre as tartarugas marinhas pode crescer desproporcionalmente se as temperaturas continuarem aumentando por causa do aquecimento global, aponta um estudo publicado na última sexta-feira no periódico Global Change Biology. Com um número muito inferior de machos, a espécie teria sua reprodução prejudicada. Além disso, se as temperaturas aumentassem demais, os ovos, que precisam de um ambiente entre 25ºC a 35ºC para se desenvolver, acabariam morrendo, levando a espécie à extinção em algumas partes do planeta.

A temperatura na qual os embriões das tartarugas marinhas ficam incubados influenciam diretamente no sexo dos indivíduos, uma característica conhecida como Determinação Sexual Dependente da Temperatura (TSD, na sigla em inglês). Para que machos e fêmeas sejam produzidos em iguais proporções, a temperatura ideal gira em torno dos 29ºC – acima dessa marca, o número de fêmeas começa a superar o de machos e, abaixo dela, o número de machos ultrapassa o de fêmeas. Segundo as conclusões do estudo, isso significa que, considerando um contexto em que as temperaturas tendem a subir com o aquecimento global, o futuro da população de tartarugas marinhas pode apresentar um desequilíbrio na proporção dos sexos, pendendo para uma maioria feminina.

Embora os cientistas admitam que machos podem copular com mais de uma fêmea, a reprodução da espécie pode ser ameaçada se a população de machos for muito inferior. Além disso, a mortalidade dos ovos também aumenta com temperaturas elevadas. “Acima de uma temperatura crítica, a taxa de crescimento natural da população cai, por causa do aumento da mortalidade nos ninhos. As temperaturas são altas demais e os embriões em desenvolvimento não conseguem sobreviver”, afirma em comunicado o biólogo Jacques-Olivier Laloë, da Universidade Deakin, na Austrália.

Os cientistas acompanharam durante seis anos a evolução da temperatura da areia em um dos principais locais de deposição de ovos de tartaruga no planeta, em Cabo Verde, no continente africano. Eles também registraram as taxas de sobrevivência de 3.000 ninhos para estudar a relação entre as temperaturas de incubação e as chances de sucesso dos embriões. Usando projeções climáticas locais, os pesquisadores fizeram previsões para estimar como o número de tartarugas mudaria ao longo do século XXI naquele sítio.

Os resultados apontam que o número de ninhos deve aumentar em 30% até 2100, mas se as temperaturas continuarem aumentando no mesmo ritmo, pode começar a cair logo em seguida. “Recentemente, em lugares como a Flórida – outro importante sítio de incubação – cada vez mais ninhos de tartarugas apresentam menos índices de sobrevivência do que no passado”, disse Laloë.

“Se for necessário, medidas de conservação poderiam ser adotadas ao redor do mundo para proteger os ovos. Essas medidas envolvem criar sombras artificiais para os ninhos de tartarugas ou mover os ovos a uma incubadora protegida e com temperaturas controladas.”

sexta-feira, 7 de julho de 2017

Ato de encerramento/protesto do semestre de 2016.2 na FFP




CONVITE
Estamos convidando a comunidade da FFP (alunos, técnicos e docentes) e nosso parceiros para uma ato de encerramento do semestre de 2016/2. Obviamente, é, também, um ato protesto.
Iremos nos reunir no dia 13 (quinta-feira) para tiramos uma foto no nosso gramado, escrevendo a palavra RESISTE ao lado da nossa sigla.
A ideia é que todos venham com roupas bem coloridas, mas tenham disponível um casaco ou uma camisa preta. Vamos tirar duas fotos; uma de luto e outra bem alegre e colorida.
Iremos montar um painel para divulgação no facebook com os dizeres:
"O governo nos quer de luto (foto1), mas nós somos de LUTA! (foto 2)."
Divulguem o convite. Venham se juntar a nós!
A concentração se inicia às 13h para realização das fotos até às 14h.
Vamos mostrar nossa força e alegria de estar aqui na UERJ/FFP!
Ana Santiago e Mariza de Paula Assis