sexta-feira, 9 de dezembro de 2016

Governo incentiva consumo consciente desde a infância

Ministério do Meio Ambiente instituiu o dia do Consumo Consciente em 15 de outubro de 2009. O objetivo é estimular a reflexão sobre atitudes sustentáveis


Uma prática adotada pelos brasileiros é a economia de energia elétrica e o combate ao desperdício de água

Em homenagem ao dia do Consumo Consciente, o Ministério do Meio Ambiente (MMA) incentiva uma maior conscientização sobre o consumismo infantil, propondo novos comportamentos desde a infância e apontando como pequenas atitudes podem gerar grandes mudanças.
A diretora do Departamento de Produção e Consumo Sustentável (DPCS) do MMA, Raquel Breda, destaca que o consumo consciente deve ser estimulado desde muito cedo com as crianças. “A compreensão de que se pode viver e ser feliz com menos e sem apego aos bens materiais, evitando assim o consumismo, é um ato de formação do indivíduo para a cidadania ambiental”, afirma.
A data foi instituída em 15 de outubro de 2009, pelo MMA, para divulgar um movimento de conscientização que vem tomando conta do planeta. 
Novas gerações
Para auxiliar na formação de uma nova geração de consumidores, foi lançado, pela Associação Brasileira de Defesa do Consumidor, uma versão do Código de Defesa do Consumidor - https://www.proteste.org.br/institucional/informe-se/cartilhas-da-proteste/guia-do-cdc-miriam (CDC) para o público infantil. A publicação trata dos impactos do consumo. Uma das abordagens do documento é como o consumismo é um grande inimigo do meio ambiente.
Com esse objetivo, a edição aponta a necessidade da economia de energia e água, da reflexão sobre as compras desenfreadas e o desperdício de alimentos. A versão infantil do código cita, como exemplo, que para fabricar uma calça jeans são necessários 11 mil litros de água, sugerindo que se analise a real necessidade de comprar um jeans novo antes de usar bem o antigo.
Atitudes
A mudança de comportamento começa nas pequenas atitudes cotidianas. Recentemente, a pesquisa “O Consumo Consciente no Brasil”, conduzida por empresa especialista na avaliação do atendimento ao consumidor, mapeou as principais práticas associadas ao consumo consciente consideradas pelos brasileiros.
Em primeiro lugar, com 97%, está a economia de energia elétrica e o combate ao desperdício de água. Algumas atitudes rotineiras garantem economia de energia e água: apagar a luz do ambiente que não está sendo utilizado, não tomar banho demorado e fechar a torneira enquanto escova os dentes.
Outras atitudes apontadas pela pesquisa, que são simples de serem incorporadas no dia a dia e podem ser adotadas desde cedo, são: comprar produtos de empresas que respeitam o meio ambiente (96%); reciclar e separar o lixo (96%); evitar o descarte de comida (94%); comprar produtos orgânicos ou material reciclado (90%); utilizar o carro no esquema de caronas (85%); utilizar transporte público em substituição ao carro (84%); substituir o carro por bicicleta (82%); e não consumir produtos testados em animais (70%). 

terça-feira, 29 de novembro de 2016

Lançado o Guia de Bolso com aves da cidade do Rio de Janeiro

Aves do Rio de Janeiro. Detalhe do guia de bolso. Crédito: Divulgação.

João Quental começou a fotografar aves por acaso, numa viagem à África. Após vários cliques, foi pesquisar sobre o que fotografou e nunca deixou de fazer isso, fotografar e pesquisar. Dizem que é exatamente assim que nasce um observador de aves. Pois o fotógrafo que se fez observador atravessou o país atrás desses bichinhos e se juntou a um igual: Renato Rizzaro, idealizador dos pôsteres de Aves dos Biomas Brasileiros.
A dupla acaba de lançar um guia de bolso de aves da cidade do Rio de Janeiro, um projeto independente, sem apoio de editoras. As fotografias ficaram por conta de Quental e Rizzaro cuidou da parte gráfica.  
A cidade maravilhosa possui mais de 400 espécies de aves catalogadas. O guia selecionou 120 aves, tendo como critério a facilidade com que são avistados na natureza
“Esse projeto tem que ter um espaço limitado, então resolvemos limitar o guia em 120 espécies. Priorizamos espécies que são normalmente vistas no [município do] Rio de Janeiro”, explica o designer e fotógrafo Rizzaro. 
O Guia contém um mapa que localiza alguns dos pontos interessantes para observação. É uma folha única, ilustrada frente e verso, que dobrada vira um guia de bolso


Serviço
Atualmente os guias podem ser comprados na livraria Timbre, no Shopping da Gávea, na loja da AAJB, no Jardim Botânico ou diretamente com os autores:jquental@gmail.com e/ou renatorizzaro@gmail.com

Detalhes técnicos:
Guia de Bolso formato aberto: 54 x 22cm (dobra tipo sanfona, fechado: 11 x 22cm); Impresso em policromia de alta definição sobre papel couchê 300g com proteção em laminação fosca; Preço por unidade: R$ 15,00 (Pedidos em quantidade são bem-vindos e terão descontos especiais). 

sexta-feira, 25 de novembro de 2016

Brasileiros ganham prêmio de sustentabilidade na Alemanha

Hani Rocha El Bizri e Marina Demaria Venâncio foram selecionados entre mais de 700 inscritos 
de todo o mundo
HANI ROCHA EL BIZRI E MARINA DEMARIA VENÂNCIO (FOTO: DIVULGAÇÃO)






Dois brasileiros estão entre os 25 vencedores da 8ª edição do Green Talents Award, prêmio realizado pelo Ministério Federal da Educação e Pesquisa da Alemanha. A iniciativa tem como objetivo promover uma plataforma na qual cientistas de diferentes partes do mundo desenvolvam e compartilhem projetos de ciência e desenvolvimento sustentável.

Os mestrandos Marina Demaria Venâncio, da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), e Hani Rocha El Bizri, da Universidade Federal Rural da Amazônia (UFRA), foram selecionados entre 757 candidatos de 104 países. A dupla passará duas semanas na Alemanha participando do Fórum Internacional para Iniciativas de Alto Potencial em Desenvolvimento Sustentável, no qual poderão conhecer diversos laboratórios e profissionais especializados em ciência e sustentabilidade, além de participar de workshops e compartilharem ideias com os outros 23 participantes. 

Durante o evento Venâncio e Bizri terão ainda a oportunidade de conhecer institutos alemães especializados em suas áreas de atuação, onde farão um estágio de três meses em 2017. 

Agroecologia
Com apenas 23 anos, Marina Demaria Venâncio é uma das vencedoras mais jovens do Green Talents Awards. A estudante começou a se interessar por direito ambiental durante a graduação, ao longo da qual se dedicou a pesquisar biodiversidade, impactos ambientais e agricultura sustentável e mudanças climáticas, tema pelo qual se apaixonou e continuou a estudar.

Venâncio trabalha com um tema chamado de agroecologia, que trata da agricultura a partir da perspectiva de um ecossistema sustentável. Em sua pesquisa, ela analisa as políticas públicas feitas em relação a esse assunto. "No Brasil temos uma contradição muito grande. Apesar de boa parte da nossa agricultura ser familiar, há muito incentivo ao agronegócio", afirmou a estudante à GALILEU. "É importante que quem desenvolve trabalhos sustentáveis tenha voz. Quando isso ocorre, o impacto é positivo e reflete no campo, na nossa alimentação e nossa relação com os alimentos."

Em 2015, ela publicou o livro A Tutela Jurídica da Agroecologia Brasil - Repensando a Produção de Alimentos na Era de Riscos Globais, no qual analisou as medidas realizadas antes da Política Nacional de Agroecologia e Produção Orgânica, de 2012, e os efeitos desta na criação de iniciativas estuduais e mudanças climáticas — tudo sob a perspectiva do direito. 

"Estudar esses mecanismos nos ajuda a fazer políticas que não sejam só bonitas, mas eficazes. Meu foco é tentar identificar e elencar essas boas práticas e ver o que a nossa legislação está fazendo direito", explicou. 

Sustentabilidade na caça
Além do mestrado em Saúde e Produção Animal na UFRA, Hani Rocha El Bizri, de 29 anos, atua como pesquisador associado do Instituto de Desenvolvimento Sustentável Mamirauá (IDSM). Ele colabora com a organização desde a graduação em ciências biológicas, período em que teve contato com o estudo da biologia da conservação com foco na melhoria do bem-estar humano, área na qual decidiu se especializar.

A pesquisa de Bizri tem foco na subsistência da caça na Amazônia. Ao longo dos últimos anos, o mestrando e seus colegas do IDSM perceberam que a caça deixou de ser sustentável para as comunidades amazônicas. Como a maior parte delas vive isolada dos grandes centros, depende dos recursos da natureza para sobreviver. "Os moradores locais dependem dos recursos das matas e dos rios para se alimentar, produzir em pequena escala e vender", explicou o pesquisador em entrevista à GALILEU. "Temos um problema de conservação dos animais e, principalmente, de segurança alimentar."

Em parceria com um professor da Universidade Autônoma de Barcelona que atua no Peru, Bizri têm trabalhado em conjunto com as comunidades para coletar dados biológicos dos animais. "Em vez de descartar os resquícios dos animais caçados, os moradores nos fornecem os restantes que não vão comer para análise", detalha. A partir desse material, o pesquisador tem feito uma revisão dos dados reprodutivos das espécies locais — as informações mais recentes são de 30 anos atrás! —, o que o ajuda a entender quais espécies podem ser abatidas em quais épocas, de forma que os animais não entrem em extinção e as comunidades não passem fome. "As pessoas precisam dessas informações", afirma Bizri.





terça-feira, 22 de novembro de 2016

Noruega é o primeiro país do mundo a banir o corte de árvores

O governo norueguês também proibiu a compra de qualquer matéria-prima do exterior que tenha contribuído para o desmatamento global durante a produção


Paisagem no condado de Hedmark, Noruega (iStockphoto/Getty Images/Getty Images)


A Noruega se tornou o primeiro país do mundo a se comprometer com o fim desmatamento em todo o território nacional, após decisão do Parlamento na semana passada. Para cumprir com a meta, o governo proibiu o corte de árvores e baniu a compra e a produção de qualquer matéria-prima que contribua para a destruição de florestas no mundo.
Na sessão decisiva, o Parlamento também se responsabilizou a encontrar uma maneira de fornecer alguns produtos essenciais, como carne, soja, madeira e óleo de palma, sem causar impactos no ecossistema. De acordo com a Organização das Nações Unidas (ONU), esses quatros produtos são responsáveis por quase metade do desmatamento das florestas tropicais do planeta. A Noruega é a primeira nação a botar em prática a promessa feita junto à Alemanha e à Grã-Bretanha de promover esforços significativos contra cadeias de produção que gerem corte de árvores, assinada na Cúpula do Clima da ONU, em 2014.
Não é a primeira vez que o país escandinavo toma uma atitude pioneira em favor da proteção do meio-ambiente. Segundo a rede CNN, em 2008, a Noruega deu ao Brasil 1 bilhão de dólares (mais de 3 bilhões de reais) para ajudar a combater o desmatamento na Amazônia e a situação foi reduzida em 75% em sete anos. Além disso, o país está no processo de restringir as vendas de carros movidos à gasolina até 2025.

segunda-feira, 14 de novembro de 2016

Antártida ganha a maior reserva marinha do mundo

O mar de Ross é considerado um dos ecossistemas mais intactos do planeta


Depois de anos de tentativas, finalmente o Mar de Ross foi oficializado como uma reserva marítima, a maior do mundo. A área, agora protegida, possui 1,55 milhão de km². Destes, 1,22 milhão são zonas de exclusão de pesca, onde a atividade não pode ser desenvolvida. A área total equivale a aproximadamente os territórios de Reino Unido, França e Alemanha.

O Mar de Ross, localizado na Antártida, em uma baía no Oceano Pacífico, tem uma significativa importância. É tido como o "último oceano", por ser considerado o último ecossistema marinho intacto no planeta, sem contaminação, pesca em excesso ou espécies invasoras.

O acordo foi firmado nesta sexta (28) pela CCRVMA (Comissão para a Conservação dos Recursos Vivos Marinhos Antárticos). O consenso unânime é necessário para qualquer decisão na comissão, composta por 25 países.



A tentativa de criação da reserva começou em 2012, por iniciativa dos EUA e da Nova Zelândia. Cinco tentativas foram necessárias até o sucesso. Somente a Rússia permanecia em desacordo quanto à área protegida, por preocupação quanto aos direitos de pesca. A China só passou a apoiar o santuário em 2015.

"Pela primeira vez, os países superaram suas divergências para proteger uma grande área do oceano austral e águas internacionais", comemorou Mike Walker, diretor da organização Antarctic Ocean Alliance.

Pequenas quantidades de pesca para fins científicos serão permitidas na áreas protegidas. No oceano antártico, que representa 15% da superfície dos oceanos, há ecossistemas excepcionais, que contêm mais de 10 mil espécies únicas, muitas delas preservadas das atividades humanas, mas ameaçadas pelo desenvolvimento da pesca e da navegação.

Andrea Kavanagh, diretora para a Antártida da organização The Pew Charitable Trusts, espera que esse seja o primeiro passo para a criação de uma rede de reservas marinhas no mundo.

As nações já começaram a considerar propostas para transformar o Mar de Weddell e o leste da Antártida em áreas protegidas.
O Mar de Ross foi batizado em homenagem ao britânico James Ross, que explorou também a região do Ártico.

O acordo entra em vigor em dezembro de 2017 e será válido por 35 anos na zona de proibição de pesca. Encerrado esse período, os países membros da CCRVMA devem decidir por unanimidade a prorrogação da reserva, algo que não deverá ser fácil, tendo em vista as dificuldades observadas no passado para obter avanços nas negociações.

Além do Brasil, os países que integram a convenção são Argentina, Austrália, Bélgica, Bulgária, Canadá, Chile, China, Ilhas Cook, Finlândia, França, Alemanha, Grécia, Índia, Itália, Japão, Coreia do Sul, Ilhas Maurício, Namíbia, Holanda, Nova Zelândia, Noruega, Paquistão, Panamá, Peru, Polônia, Rússia, África do Sul, Espanha, Suécia, Ucrânia, Reino Unido, Estados Unidos, Uruguai e Vanuatu. 



FONTE: www1.folha.uol.com.br/ambiente/2016/10/1827166-antartida-ganha-a-maior-reserva-marinha-do-mundo.shtml 

quinta-feira, 10 de novembro de 2016

ICMBio inaugura trilha para portadores de deficência

Edificação fica em Reserva Natural de Curitiba (PR) e permite a observação de espécies da fauna e da flora

Reprodução/ICMBio

No dia 26 de outubro o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) inaugurou a trilha com acesso a deficientes na Reserva Particular do Patrimônio Natural (RPPN) Airumã, em Curitiba (PR).
De acordo com a proprietária da reserva, Terezinha Vareschi, a trilha foi planejada de forma a proporcionar total acesso a pessoas com mobilidade reduzida e com deficiências sensoriais.
Terezinha disse ainda que a área externa da trilha foi construída em parte com blocos de concreto intertravados, conhecidos como "pavers". “Eles foram descartados por apresentar pequenos defeitos de fabricação, mas isso não os invalidou para nosso objetivo”, explicou ela.
Segundo a proprietária, a parte interna do bosque, que é elevada para permitir a passagem de fauna e mínima intervenção na flora, foi executada em "madeira plástica", produzida a partir de resíduos de madeira e de plásticos inservíveis ao reuso humano, transformados em material inerte e resistente ao ataque de fungos e insetos, praticamente eliminando custos de manutenção.
Serviço:
RPPNM Airumã fica na Rua Fredolin Wolf, 3539, Curitiba (PR), onde também está sediada a Associação dos Protetores de Áreas Verdes (Apave).


segunda-feira, 7 de novembro de 2016

Rio de Janeiro inaugura maior aquário marinho da América do Sul

AquaRio

Novo ponto turístico está localizado no Porto Maravilha, próximo ao Boulevard Olímpico, onde ficam os museus do Amanhã e de Arte do Rio

O Rio de Janeiro inaugurou, nesta segunda-feira (31), o maior aquário marinho da América do Sul. Localizado no Porto Maravilha, o AquaRio conta com um espaço de 26 mil metros quadrados, que abriga 4,5 milhões de litros de água salgada divididos em 28 tanques e reúne cerca de oito mil animais de 350 espécies.
O novo ponto turístico está localizado nas proximidades do Boulevard Olímpico, área revitalizada para os Jogos Olímpicos e Paralímpicos Rio 2016, que reúne outros atrativos como o Museu do Amanhã, Museu de Arte do Rio e o painel “Etnias”, de autoria do artista brasileiro Eduardo Kobra. 
Entre as espécies exposta estão peixes da costa brasileira, do Caribe e do Indo-Pacífico, como tubarões, arraias, moreias e cavalos-marinhos entre outros. O maior tanque do local, batizado como ‘Recinto Oceânico’, tem 7 metros de profundidade e 500 m² de área, com uma grande arquibancada para visitantes.
O projeto reforça a continuação da revitalização da antiga zona portuário do Rio de Janeiro. O aquário ocupa o prédio da antiga Companhia Brasileira de Armazenamento Cibrazem.
O empreendimento é resultado de um investimento de R$ 130 milhões feito pela iniciativa privada, e sua gestão é de responsabilidade do Instituto Museu Aquário Marinho do Rio de Janeiro (Imam). A expectativa é de que o local, que será aberto oficialmente para o público em 9 de novembro, receba, em média, de 4 e 5 mil visitantes por dia.
Boulevard Olímpico
A área revitalizada de 3 quilômetros compreende as praças XV e Mauá; centos culturais; museus, entre eles o MAR (Museu de Arte do Rio) e Museu do Amanhã; a Cidade do Samba e galpões multiuso do antigo Porto do Rio. A região conta ainda um moderno sistema de Veículos Leves sobre Trilhos (VLT) para auxiliar a mobilidade de turistas e moradores da cidade.

sábado, 5 de novembro de 2016

[Revista CH] Sumindo das florestas...

Onça-pintada pode desaparecer da mata atlântica. A perda de um predador que ocupa o topo da cadeia alimentar deverá, segundo pesquisadores, causar sérios impactos ao bioma.



Onça-pintada, maior felino das Américas. Ação humana pode comprometer o futuro da espécie na mata atlântica. (foto: Beatriz Beisiegel)

Maior felino das Américas e terceiro maior do mundo (perde apenas para o tigre e o leão), a onça-pintada (Panthera onca) poderá, em breve, estar extinta na mata atlântica. É o que estimam alguns especialistas brasileiros, segundo os quais todo o bioma não chega a ter 250 indivíduos. A mata atlântica se estende ao longo da costa nordeste, sudeste e sul do Brasil, e cobre partes da Argentina e do Paraguai. 

Presente em boa parte do continente americano, do México ao norte da Argentina, a onça-pintada aparece em todos os biomas brasileiros, à exceção dos pampas, de onde teria desaparecido há pouco tempo devido à ação humana. No país, as maiores populações da espécie estão na Amazônia e no Pantanal. Calcula-se que em todo o mundo o número de indivíduos não chegue a 10 mil. 


Caso a onça-pintada desapareça da mata atlântica, será a primeira vez que um bioma tropical terá perdido um predador de topo da cadeia alimentar (que não é presa natural de nenhuma outra espécie). A situação do animal nesse ambiente foi descrita em carta redigida por 13 pesquisadores (12 deles brasileiros) e publicada recentemente na revista Science. 




Dados que preocupam 



Um dos signatários do documento, o biólogo Eduardo Eizirik, da Pontifica Universidade Católica do Rio Grande do Sul, afirma que o número estimado de onças-pintadas na mata atlântica é pequeno. Como esses indivíduos estão espalhados em oito populações (grupos de animais que vivem e se reproduzem entre si) isoladas, com poucos integrantes cada uma, a conservação de P. onca se torna ainda mais difícil. 


Isso porque, segundo Eizirik, uma população pequena está mais vulnerável a acasos. O nascimento de animais do mesmo sexo ou a morte de um indivíduo, por exemplo, pode prejudicar a reprodução da espécie. “As mesmas eventualidades não teriam efeitos tão severos se as populações fossem maiores”, diz o biólogo. 




Extinção da onça-pintada na mata atlântica pode produzir sérios impactos ambientais. Caso isso aconteça, será a primeira vez que um bioma tropical terá perdido um predador de topo da cadeia alimentar. (foto: Beatriz Beisiegel) 


Ele acrescenta que grupos menores podem também ser afetados geneticamente. “As chances de endocruzamento [acasalamento entre parentes] são maiores, o que pode resultar em indivíduos com má formação ou com menor capacidade de adaptação ao ambiente”, explica. 


Análises moleculares feitas pela equipe de Eizirik em alguns exemplares de onça-pintada revelaram um dado ainda mais preocupante: a população efetiva da espécie, que corresponde aproximadamente ao número de adultos reprodutores, não chega a 50 indivíduos em cada uma das populações isoladas da mata atlântica. 



Diminuição perigosa



Como predador carnívoro de topo de cadeia, conhecido por sua mordida forte e fatal, a onça-pintada é responsável pelo controle populacional de diversas espécies que fazem parte de sua dieta. 


Seu eventual desaparecimento da mata atlântica poderá então, segundo o biólogo Ronaldo Morato, coordenador do Centro Nacional de Pesquisa e Conservação de Mamíferos Carnívoros, ocasionar, entre outros problemas ambientais, uma superpopulação de veados, antas, capivaras e porcos-do-mato. Morato é outro signatário da carta publicada na Science. 


Em grande quantidade, esses animais – a maioria deles herbívoros – se tornariam prejudiciais a algumas plantas da floresta. Na falta do predador, o aumento do número de outros carnívoros, como sucuris e jacarés, pode também ocasionar a extinção de outras espécies, como pequenos roedores. 




Sumiço explicado



Diversos fatores explicam a redução do número de onças-pintadas na mata atlântica. Um deles diz respeito à diminuição, nas últimas décadas, da área de floresta necessária à sobrevivência da espécie. O animal, habituado a viver de forma isolada, requer uma área de aproximadamente 100 km². 



Mas a onça-pintada quase não encontra mais fragmentos florestais desse tamanho. Estima-se que a mata atlântica, hoje com pouco mais de 100 mil km², tenha apenas 8% de sua área original, e seus fragmentos vêm se tornando cada vez menores diante dos constantes desmatamentos.




Baía de Antonina, no litoral paranaense, vista da serra do Mar, um dos trechos mais bem preservados da mata atlântica brasileira (foto: Wikimedia Commons/ Deyvid Setti e Eloy Olindo Setti – CC BY-SA 3.0)
Esse cenário, afirma Eduardo Eizirik, é agravado pela expansão das áreas de pastagem e de plantio no entorno dos fragmentos de mata, impedindo que animais de um fragmento interajam com os de outro. A caça do animal ou de suas presas pelo homem também é uma ameaça à conservação da espécie. 


Segundo Ronaldo Morato, algumas ações estão sendo planejadas com a finalidade de proteger a espécie. “Analisamos a viabilidade de intercambiar indivíduos entre biomas ou fazer suplementação populacional por meio de inseminação artificial.” 



Mas os pesquisadores adiantam que não é possível prever com rigor as consequências de tais medidas, já que é impossível controlar o comportamento do animal e seu instinto de voltar ao território original. “Ainda há chances de reversão do quadro”, afirma Eizirik. “Mas ações políticas e sociais de preservação devem ser tomadas imediatamente.”