sexta-feira, 23 de junho de 2017

Novos registros de borboletas para o Estado do Rio de Janeiro


Calospila parthaon (J.W. Dalman 1823), REGUA, RJ, Brasil, December 2015 (© Sandra Lamberts)
Apesar do RJ ter sido historicamente uma das portas de entrada preferida de muitos dos naturalistas que nos visitaram – quer no tempo da Colônia, como no do Império – resultando num invejável precedente de alguns séculos de pesquisa e documentação da Biodiversidade no Estado; ainda aparecem ‘surpresas’ ocasionalmente e, inclusive, espécies novas para a Ciência, especialmente nos grupos menos estudados e amostrados.

Nesta postagem damos a conhecer dois registros novos de borboletas para o RJ, da família Riodinidae. Estas espécies foram documentadas – por meio de fotografia digital – por alguns dos nossos hóspedes, pesquisadores ou funcionários, em suas caminhadas pelas trilhas da REGUA.

Semomesia geminus possui registros no ES, MG e PE, pelo que seu aparecimento no RJ não foi uma surpresa total; tendo já sido fotografada uma meia dúzia de vezes nas trilhas da REGUA por várias pessoas, inclusive nossos guarda-parques.


Semomesia geminus (Fabricius, 1793), REGUA, RJ, Brasil (© Jailson da Silva)

Já Calospila parthaon é conhecida apenas da região Amazônica e referenciada na BA, tendo sido fotografada (ambos sexos) na Trilha São José, por nossos hóspedes Arnold Wijker e Sandra Lamberts em Dezembro de 2015, numa estadia de fotografia muito produtiva na qual registraram muitas ocorrências novas de Riodinideos na REGUA e na região do Pico do Caledônia (Parque Estadual dos Três Picos – PETP).


FONTE: http://regua.org.br/pesquisa/registros-novos-de-borboletas-para-o-estado-do-rio-de-janeiro/

domingo, 18 de junho de 2017

Marina da Glória terá passeios para ver tartarugas e peixes

A atividade integra a programação da Semana do Meio Ambiente, que acontece de segunda (19) a sexta (23)

Tartaruga marinha: visitas diárias na programação (iStock/Divulgação)


Diariamente haverá um passeio para mostrar os peixes e as tartarugas que fazem parte da fauna marinha local. Também estão previstas uma exposição com réplicas do boto-cinza e a construção de uma prancha de stand-up paddle com garrafas plásticas. Essas são algumas das atividades programadas para a Semana do Meio Ambiente, que acontece na Marina da Glória de segunda (19) a sexta (23), visando a conscientizar a população da importância da preservação da natureza. As atrações da feira, montada no pavilhão principal, incluem ainda uma série de palestras, com temas como poluição marinha, crimes ambientais e unidades de conservação. A entrada é gratuita e aberta ao público mediante inscrição pelo e-mail: ambiental@brmarinas.com.br.



FONTE: http://vejario.abril.com.br/cultura-lazer/marina-da-gloria-tera-passeios-para-ver-tartarugas-e-peixes/

sábado, 17 de junho de 2017

Maqua UERJ: Golfinhos viram presença diária na Baía de Guanabara

Num fenômeno atípico, grupo de cerca de 50 animais parece ter se mudado para o lugar

Um grupo de cerca de 40 golfinhos, da espécie dentes-rugosos, se tornou a mais nova (e bela) surpresa da tão maltratada Baía de GuanabaraFoto: Márcia Foletto / Agência O Globo

A manhã na Baía de Guanabara começou com cara de ressaca. Por volta das 7h, um bote inflável movido a motor deixou um clube da Ilha do Governador com dois biólogos da Uerj a bordo. Depois de uma parada rápida na Marina da Glória, a embarcação seguiu em direção ao lado oposto, vencendo as ondas da Boca da Barra. Em apenas meia hora, sem qualquer pista, a equipe, já próxima à Fortaleza de Santa Cruz, encontrou o que buscava: um grupo de cerca de 40 golfinhos-de-dentes-rugosos, que se tornou a mais nova (e bela) surpresa da tão maltratada Baía de Guanabara. Entre os animais, há um filhote recém-nascido, sempre ao lado da mãe. Tão simpáticos quanto “Flipper”, o golfinho que protagonizava uma série nos anos 1960, alguns animais cercaram a embarcação e colocaram suas cabeças para fora, curiosos. Num certo momento, um deles brincou com o lixo flutuante — jogou para o alto uma embalagem de margarina, como se estivesse fazendo embaixadinha.

Entre os animais há um filhote recém-nascido, sempre ao lado da mãeFoto: Márcia Foletto / Agência O Globo

Neste outono, a Baía dá demonstrações de que, mesmo agonizante e praticamente abandonada à própria sorte pelo estado em crise, continua viva. A presença desses golfinhos (da espécie Steno bredanensis, seu nome científico) numa frequência quase que diária é algo completamente atípico. O fenômeno inusitado se completa com o fato de o mesmo grupo explorar áreas cada vez mais distantes da entrada da Baía, como a Ponte Rio-Niterói.

Passeio de animais até Botafogo

Nas últimas semanas, pesquisadores se depararam com os bichos até do outro lado da Ponte. Virou rotina acompanhá-los perto do Aeroporto Santos Dumont, do Porto do Rio, do Museu do Amanhã, da Praia de Botafogo e da orla de Niterói. A cada dia, os golfinhos-de-dentes-rugosos dão show nas águas da Baía, com cenas de piruetas no ar, atraindo a atenção de esportistas, pescadores e profissionais embarcados em navios. Dois grupos de pesquisa monitoram hoje a turma: o Laboratório de Mamíferos Aquáticos e Bioindicadores (Maqua), da Faculdade de Oceanografia da Uerj, e o projeto Baleias e Golfinhos do Rio de Janeiro, que atua em parceria com a Fundação SOS Mata Atlântica, o Programa Marinho do WWF-Brasil e o Instituto Mar Adentro.

— O golfinho-de-dentes-rugosos é o nosso muso do outono — elege a bióloga Liliane Lodi, do Baleias e Golfinhos. — Há dois meses acompanhamos um grupo, entre 40 e 50 animais, na Baía de Guanabara, pescando. É a época da tainha. Desde 2004, trabalho monitorando golfinhos na nossa costa, mas nunca tinha visto eles entrarem com essa frequência e indo tão dentro da Baía. E há vários filhotes junto. Às vezes, assistimos às mães ensinando os bebês a pescar: elas soltam o peixe para os filhotinhos; se eles não conseguem pegar, elas repetem.


Os animais que no momento habitam a Baía são sempre os mesmos. A identificação é feita por marcas nas nadadeiras: eles mordem uns aos aos outros como forma de brincar. Os representantes dessa espécie possuem estrias verticais nos dentes (por isso o nome pelo qual são conhecidos), podem medir até 2,80m e têm a boca cor-de-rosa. Também emitem sons que servem para explorar o ambiente e localizar presas. Na Baía, seguem barcos e canoas havaianas. Entre uma pescaria e outra, dão saltos no ar, atraindo cardumes:

— Eles brincam com os sacos, ficam jogando de um para outro. Mas esse plástico pode também matá-los — diz o biólogo Alexandre Azevedo, integrante do Maqua, que também monitora os botos-cinza.
Pela última estimativa, restam apenas 34 botos na Baía de Guanabara, sendo que eles estão cada vez mais restritos ao fundo do espelho d’água. Pelo observação dos pesquisadores do laboratório, os golfinhos-de-dentes-rugosos não costumam ficar assim tão à vontade em áreas habitadas pelos botos. Com o caminho mais livre, aproveitam:

— Talvez estejam colonizando o espaço deixado pelo boto-cinza na Baía. Há essa possibilidade, mesmo que pequena. A característica deles é se deslocar muito em busca de alimentos. Golfinhos vistos aqui também já foram registrados por pesquisadores no Norte de São Paulo e na Ilha Grande — afirma Alexandre.

O Maqua tem registrado 150 animais da espécie que frequentam a Baía. Alguns observados agora são os mesmos de outros anos. Mas, em 25 anos de acompanhamento feito pelo laboratório, é a primeira vez que um grupo parece ter “se mudado” para a Baía. Pode ser que a turma permaneça até o fim do inverno.

Tainha é uma “iguaria”

Os reais motivos para essa mudança de comportamento são um mistério. Há algumas hipóteses. Além do espaço deixado pelos botos, há um possível aumento na quantidade de tainhas, que estão na época de reprodução. Presidente da Associação Livre de Pescadores e Amigos de Itaipu, Jorge Nunes de Souza, o Chico, diz que, desde o ano passado, o litoral do Rio, incluindo a Baía, conta com mais peixes da espécie pela restrição à pesca industrial no Sul do país, imposta pelo governo federal desde 2015. Os golfinhos já foram em vários momentos flagrados por câmeras dos pesquisadores com tainhas na boca e também peixes-espada, outro “prato” muito disputado.


— A presença deles não quer dizer que a qualidade da água esteja melhorando. Eles se alimentam aqui, mas estão expostos a todo tipo de degradação da Baía de Guanabara. Mas, apesar disso, a Baía continua muito importante para a vida marinha. Ela precisa é ser cuidada, porque tem muito a oferecer — destaca Alexandre, do Maqua.

A cada dia os golfinhos-de-dentes-rugosos (cientificamente Steno bredanensis) dão show nas águas da Baía, com cenas de piruetas no ar, atraindo a atenção de esportistas, pescadores e profissionais embarcados em navios Foto: Márcia Foletto / Agência O Globo


Liliane Lodi conta que, em abril, se deparou com um filhote bem pequeno com a mãe. Agora, já está maior e mais gordinho. Sinal de que há vários dentes-rugosos cariocas na área. Após o inverno, pesquisadores dizem não saber qual será o destino do grupo, que, enquanto não vai embora, diverte turistas e quem navega pela Baía de Guanabara. A cada encontro, a festa é grande:

— É muita emoção remar com eles — diz o biólogo e professor de canoa havaiana Paulo Cordeiro. — Ver um animal selvagem em sua plenitude, senhor absoluto do seu ambiente, é fantástico. Sem falar que eles agora estão na nossa raia de treinos. É um privilégio compartilhar o mar com esses mamíferos.