Estudo americano revela que cerca de nove milhões de mortes anuais podem ser atribuídas a doenças causadas pela contaminação do ar e da água. |
Uma em cada seis mortes prematuras no mundo registradas em 2015 – cerca de nove milhões – podem ser atribuídas a doenças por exposição tóxica, de acordo com um estudo divulgado na quinta-feira (19/10) pela revista científica The Lancet.
Segundo o artigo, a poluição do ar foi responsável por 6,5 milhões de mortes, seguida pela poluição da água, que matou aproximadamente 1,8 milhão de pessoas.
A estimativa de cerca de nove milhões de mortes prematuras por poluição ambiental, considerada conservadora pelos autores do estudo, é um valor 1,5 maior do que o número de pessoas mortas pelo tabagismo e três vezes o número de mortes por aids, tuberculose e malária juntos. A estatística supera também em 15 vezes o número de pessoas mortas em guerras ou outras formas de violência.
Segundo o estudo, 92% das mortes relacionadas à poluição ocorreram em países em desenvolvimento de baixa ou média renda. Uma em cada quatro mortes prematuras na Índia em 2015, ou cerca de 2,5 milhões, foram atribuídas à poluição. Na China, as causas ambientais foram o segundo maior motivo de óbitos, causando mais de 1,8 milhão de mortes prematuras, ou uma em cada cinco.
O estudo é a primeira tentativa de reunir dados sobre doenças e mortes causadas por todas as formas de poluição combinadas, do ar à água contaminada.
"Há muitos estudos sobre a poluição, mas o tema nunca foi alvo dos recursos ou nível de atenção de algo como a aids ou as alterações climáticas", diz o epidemiologista Philip Landrigan, diretor do departamento de saúde global da Faculdade de Medicina Mount Sinai, Nova York, e principal autor do relatório. "A poluição é um enorme problema que as pessoas não estão vendo porque estão olhando para as suas componentes espalhadas."
O relatório estima um prejuízo de 4,6 trilhões de dólares anuais – ou 6,2% da economia global - relacionado à poluição e às mortes causadas por ela.
"O que as pessoas não percebem é que a poluição prejudica as economias. As pessoas doentes ou mortas não podem contribuir para a economia. Precisam de cuidados", diz Richard Fuller, um dos autores do estudo e chefe da organização Pure Earth, que se dedica à despoluição no mundo em desenvolvimento. "Ministros das Finanças ainda seguem o mito de que, se não deixar a indústria poluir, não haverá desenvolvimento. Isso não é verdade."
De acordo com o estudo, o fardo financeiro atinge mais fortemente os países mais pobres. Os Estados de menor renda gastam em média 8,3% de seu Produto Interno Bruto (PIB) para combater os danos causados pela poluição, enquanto os países desenvolvidos desembolsam 4,5%.
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